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Política Crise no Planserv

Crise no Planserv: usuários chegam a esperar meses por consultas em Feira de Santana e denunciam descaso

No mês de novembro, o sucateamento do plano levou a um pedido de abertura de CPI, sendo apresentado um requerimento à Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) para investigar questões envolvendo o Planserv.

31/01/2025 às 09h17
Por: Mayara Silva
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Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Com uma carteira que totaliza cerca de 500 mil beneficiários na Bahia, o plano de saúde Planserv, que atende aos servidores do Estado, atravessa há tempos uma complexa crise administrativa, que impacta diretamente nos usuários.

Dificuldade na marcação de consultas e exames; descredenciamento de clínicas e hospitais; tabela defasada; cotas financeiras para estabelecimentos da rede e atendimento precário. Essas são apenas algumas das denúncias relacionadas ao Planserv por profissionais e pacientes.

Em Feira de Santana, diariamente os beneficiários têm recebido recusas referente a atendimentos em clínicas particulares da cidade. “Estou desde o mês de outubro tentando marcar um exame de teste ergométrico. Até hoje nada”, relatou Liege Bião ao Blog do Velame.

Um dos fatores que explica a queda de qualidade, segundo médicos e diretores ouvidos pela reportagem, é a cota financeira aplicada. Isto porque, o Planserv verificaria uma média de gastos de cada hospital e clínica na Bahia, estabelecendo um teto de pagamento mensal.

Se um hospital tem uma cota de faturamento de R$ 700 mil ao mês, por exemplo, e dias antes o número de atendimentos de urgência e cirurgias executados ultrapassar esse valor, o custo “excedente” não seria pago no exercício, sem uma previsão assegurada.

Apesar disso, os hospitais e clínicas realizaram os procedimentos, arcando com custos de insumos, profissionais e despesas com fornecedores. Por este motivo, quando o montante chega próximo ao valor da cota, as administrações, por precaução, estariam suspendendo a marcação de cirurgias e atendimentos em emergências, temendo um prejuízo ainda maior.

“Eles não estabelecem prazos para pagar esse valor devido. Então vamos dizer que o Hospital A faturou R$ 800 mil em um mês; R$ 900 mil no outro. Aí já são R$ 300 mil extra cota em dois meses de déficit no fluxo de caixa hospital. Após alguns meses o Planserv chega a ficar devendo cifras maiores que R$ 1 milhão a alguns hospitais na Bahia. Isso torna o serviço insustentável. O que o hospital faz? Precisa bloquear marcação de cirurgias e atendimentos”, relatou o médico feirense João Victor do Vale, ao blog.

A gravidade da situação não é segredo. Em junho do ano passado, a Associação de Hospitais e Serviços de Saúde do Estado da Bahia (AHSEB) cobrou publicamente do Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos Estaduais (Planserv) o pagamento de serviços prestados por instituições de saúde, solicitando urgência na resolução do problema.

No mês de novembro, o sucateamento do plano levou a um pedido de abertura de CPI, sendo apresentado um requerimento à Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) para investigar questões envolvendo o Planserv. “O Planserv, lamentavelmente, é um plano de saúde que não serve”, criticou o deputado Capitão Alden, na ocasião.

Entre as especialidades em que há maior dificuldades para a marcação de consultas estão neurologia e endocrinologia, segundo leitores do Blog. “Haja inverdades por parte dos representantes do Planserv e do Estado. Governador Jerônimo, nós, servidores, sequer temos um neurologista atendendo, pelo menos aqui em Feira de Santana inexiste. Passamos, em média, de três a quatro meses para conseguir o agendamento de uma consulta”, contou Verena Paim.

A reclamação é endossada pela servidora Camila Gonzaga, que relata o mesmo drama. “Não é possível, por exemplo, agendar consulta com endocrinologista, neurologista e outras áreas. Quando encontramos um médico que atenda, o que é cada vez mais raro, eles dizem que não têm mais cotas”, completou.

Apesar de todo este cenário complexo e das várias queixas apresentadas, a coordenadora-geral do Planserv, Socorro Brito, alegou, na segunda-feira (27), que não há teto orçamentário que limite os atendimentos de urgência e emergência nos hospitais que atendem à rede credenciada para os servidores.

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